Esse é um lugar muito especial. Uma casa muito engraçada, divertida e livre. Em que as paredes são feitas de letras, sonhos, alegrias e dores. Somos 4 mulheres inventando novas formas de expressão. E utilizando velhas também, por que não? Seja bem - vindo!

segunda-feira, outubro 22, 2007

Arnaldo Antunes

Os Peitos

Mulheres

têm dois

peitos. Os

homens têm

um peito só.

Li uma pesquisa recentemente de uma cardiologista discutindo porque as mulheres tendem a ter uma percepção mais detalhista dos sentir. Ela relacionava este fato a maternidade, dizendo que foi necessário que as mães desenvolvessem um delicado aparato para atender suficientemente bem sua prole.
Esta mesma médica contou que nós mulheres, tendemos a sentir mais os eventos traumáticos do que o sexo masculino, revivemos as cenas estressoras com mais intensidade. Para mim este pode ter sido uma precaução da estrutura feminina para não se expôr aos perigos e manter-se cuidando dos filhos.
Já os homens, por terem vivenciado ao longa da história situações aonde estavam mais expostos aos perigos advindos da natureza, quando iam caçar, por exemplo, necessitavam, lidar com os eventos de uma outra forma, armazenavam os traumas com menos detalhes, sensações, pois senão como voltariam a caça no dia subsequente sabendo que corriam risco de vida?
Para mesma autora estaria aí umas das explicações de porque as mulheres nunca esquecem, e os homens sempre esquecem, vide datas de aniversário, casamento, etc. Ou melhor de porque as mulheres precisaram atentar-se e os homens esquecer-se.

Para concluir, eu respondo ao Arnaldo:
Os homens também têm dois peitos,
mas talvez tivessem,
naquela época, que alimentar duas bocas,
mesmo tendo só uma.

Abraços a todos!

Reflexão Retirada do Livro:
Por que os Homens Nunca Lembram e as Mulheres Nunca Esquecem?
Autora:
MARIANNE J. LEGATO

segunda-feira, setembro 17, 2007

Mãe


Cheguei a essa conclusão mais uma vez na vida, então não tinha como deixar de registrar. Isso mesmo, eu odeio a minha mãe.

Esses dias estava dando um Workshop, e como é de se esperar, com a espiritualidade muito em voga, louvoures frenéticos são cantados a todos os gostos assim que os sentimentos se afloram.

Cheguei em casa contaminada. Cantava bem alto, e dizia amém. Sim era do fundo do coração, assim do meu jeito.

Para minha mãe minha alegria era pecado. Muito louco, porque na medida em que eu agradecia qualquer coisa do meu dia dizendo bem alto, deus é o senhor, amém. Ela me castrava. Aprendera que com Deus não se brinca. Até entendi: moral católica, repressão, essas coisas...

Mas esses dias têm sido o cão. Costumo ficar irritada quando ela saí correndo para atender a todas as necessidades do meu pai, por café na mesa, essas coisas que as mulheres eram obrigadas a fazer.

Ontem mesmo estava quase morrendo de bronquite, teimosa do jeito que é, saracotiou pelos quatro cantos do mundo, incluíndo banca de jornal aonde costuma comprar seu inseparável maço de cigarros. Hoje, estava bem pior. Mas, meu pai, muito do esperto deu-lhe uma baita bronca e mandou-a ficar de repouso.

Assim que cheguei gritou do seu quarto me chamando, queria que eu lhe preparasse a inalação. Fez questão de dizer que precisava repousar. Disse isso pousuda, quase prepotente. E eu respirei, pois ontem essa frase era para mim quase que missionária, embora ela nem tenha dado bola, principalmente depois de levá-la ao hospital e quase morrer de susto com a possibilidade de um Câncer no pulmão com a forma com que ela tossia.

Tossiu tanto que doía, e insistia que era um farelo de bolacha que ficara enroscado na parede da garganta. Há de ter muita paciência.

Corria de um lado para o outro. Decidi que devia fazer pó de chinelo. E pedia insistentemente para que ela me acompanhasse. Quanto mais ela andava de um lado para outro dentro de casa, mas eu intensificava os pedidos de acompanhamento aos meus rídiculos exercícios. A intenção era de que ela percebesse o quão inadequado era suas peregrinações enquanto um gato chiava dentro do seu pulmão.

Uma vez que inventei a brincadeira, ela, ficou para lá de animadinha. Achou que eu estava paparicando-a, e de fato eu estava. Virou um leão dando ordens. Queria mais atenção, penso eu, mas acho que não sabe muito bem como fazê-lo.

E eu cheia de trabalho para fazer querendo ser cuidada mais uma vez me frustro, percebendo minha irritação ela, que não perde uma, costuma perguntar quando vou casar, ou morar fora. Ela sabe que não tenho condições de fazê-lo agora. Isso me deixa ainda mais impotente, mesmo sabendo que ela vai chorar o Rio Amazonas em lágrimas quando acontecer efetivamente. Vide minha viagem de 15 anos, aonde ela alagou o aeroporto de Guarulhos pela ausência de 20 dias, ai, como faço questão de lembrá-la.

Por que não fico quieta, hein? Talvez por que eu a amo?

Ah, não, Mãe mesmo, eu amo aquela que eu imagino que tenho, porque essa que tenho em casa..

quarta-feira, setembro 12, 2007

Ton Sur Ton



Palavras presas na minha boca, poemas que devem ser escritos, uma confusão de sentidos que pulsam, enquanto escorre sangue entre as minhas pernas e sobre o teu lençol. Ton sur ton. Eu perdida entre tantos vermelhos... Batom, peruca, salto alto e... sangue! Muito sangue pra lavar e benzer o nascimento de algo novo. Algo tão eterno quanto o agora! Algo que não se fala, que se confunde ou se esconde sobre a margem de uma razão caduca e antiquada.Um medo bobo que dá de querer voar e cair de cara no chão. Besteira. Bobagem. Pra que pensar nisso, quando tenho tão perto de mim a loucura que é sentir seus lábios carnudos sobre a minha pele cansada? Mistura de sentidos. Cheiros, gêneros, oposições astrológicas e, sobretudo conjunção de corpos! Não só os celestiais, mas os nossos, esses que se adaptam muito bem, um ao outro! Talvez seja o ascendente em comum ou simplesmente as cores que combinam. Ton sur ton. Tenho vontade de derramar não apenas sangue, mas litros de palavras suspiradas que pingariam gota a gota sobre o teu corpo libriano... Essas minhas palavras bobas, efêmeras, fugazes que correm o mundo atrás de poesias como você.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Nascer

Sou um manancial de águas
com medo da vida
sou uma estrela cadente
correndo aos céus,
cicatrizando uma só ferida.

Sou uma gota de mel
feita de flores
á margem
e a deriva.

Sou um pincel
domando uma face
de uma barriga.

sábado, setembro 08, 2007

OMO

Sempre teve algo errado. Algo sujo, descosturado, rasgado, desbotado, caindo, para fora... Eu sempre tentei. Juro, eu sempre desejei um caminho como dessas pessoas que vemos passar de carro, lindas e limpas indo de lugar nenhum para outro nenhum lugar, mas leves, sem pretensões. E eu, com todos os meus infinitos desejos e vontades de compreender continuava a estender as mãos, para buscar pessoas, para realizar desejos, para estancar o meu sangue. Sempre sangrei. As minhas mãos nunca conseguem ficar limpas, o esmalte descasca, a unha quebra, eu como, eu mexo em tudo ... a inquietude me fez assim. Apenas reclamações? Não mais. Tudo de mais fora dos padrões que existe em mim foi tudo o que me salvou de sangrar mais. É o que me faz poder estar do lado de qualquer pessoa. Confesso que ainda admiro o branco claro das roupas das pessoas que passam. Mas sabe lá o que é não se lambuzar? Não se lambuzar de desejo, de erros, de amor e de pessoas? Porque para se lambuzar de pessoas você precisa se dispor à sujeira, ao sangue, aos odores fortes que vem junto com a alegria e com a dor, com o êxtase e com o medo. Talvez um dia o OMO multiação dê conta das minhas roupas cheias de mim e de quem me cerca.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Ás vezes é cinza.

Antes o meu vazio vinha assim de repente. Ele chegava, instalava-se e eu não entendia.
Só algumas coisas arrancavam-me dele, o quentinho da minha cama, um bom doce de chocolate, escrever sem pé nem cabeça, e caminhar por aí.
Esse vazio é um sentimento estranho, um aperto na garganta, um frio constante, um pessimismo, um descrédito na vida, nas pessoas.
Na semana passado ele veio me visitar. Estava cansada. Assim que ele chegou comecei a reconhecê-lo.
Foi difícil levantar da cama, ser simpática e pentear os cabelos. O doce da sobremesa não fora se quer registrado.
Aonde eu estava era o melhor lugar para ficar, só para não ter de ir embora.
No ponto de ônibus observava as pessoas, achava-as feias, sofridas. Era o meu feio se conectando com o feio do mundo.
Sentei num buteco, pedi um café, veio com açucar eu nem reclamei.
Fazia poesia com a pobreza e com a sujeira, e sentada no chão sentia-me mais perto do lixo.
Meus sapatos dourados brilhavam e nada condiziam com o vazio, e com o meu redomado redor.
Assim que escrevi o primeiro verso o vazio tornou-se belo, e havia sido transformado, em palavras assim meio sem sentido, produzidas por mim.
Produzir é algo estritamente importante, até mesmos nos vazios. Faz qualquer um sentir-se ligado ao funcionamento do sistema.
Algumas lágrimas escorreram dos meus olhos, os comerciantes a minha volta estenderam seu olhar ao chão, e eu ali, sinalizei que estava bem com um simples movimento da cabeça.
Meu ônibus chegou, eu subi, estava lotado, sem lugar para sentar. Minhas pernas estavam fracas, a mala das minhas costas pesada, mas eu tinha que continuar ali, chegar em casa e começar tudo de novo.
Queria acreditar que tudo aquilo fazia parte de algo maior, mas a imensidão da cidade me deixava desolada, e quanto maior era minha percepção do todo, mas cinza em via dentro de todas as cores.
Muito dramático,sim, também acho, existencial, mas integrar em mim esse destilado da vida, hoje, e só por hoje, me faz mais inteira.
Cheguei em casa, tomei um banho, descansei.
Acho que tenho cuidado do meu vazio, identificando quando ele vem, e como pode ir embora. Ligar-me ao agora, sentir minhas pernas fracas sobre chão tem me ajudado.
Costumo projetar no futuro um lugar perfeito para remediar a minha sujeira, isso não faz bem.
Tendo a querer destruir tudo achando que o recomeço é uma possibilidade de sentir-me diferente. Bobagem.
Ás vezes invisto em uma só possibilidade o preenchimento de mim mesma, outra bobagem.
Dar-se conta disso, complexifica tudo, embora deixa tudo mais leve, e livre.

quarta-feira, agosto 29, 2007

I'm evil.




You Are 86% Evil



You're the most evil person you know.

The devil is even a little scared of you!